22/03/2011

Um pouco da história da bíblia

ORIGEM
As duas partes da Bíblia, chamados Velho e Novo Testamento, que incluem os 66 livros, foram escritas originalmente em três línguas: Grego, hebraico e aramaico. A maior parte do Antigo Testamento foi escrito em hebraico, e poucos textos em aramaico. Na época em que foi escrito o Novo Testamento, a língua mais falada era o grego e, por isso, ele foi redigido neste idioma.


Bíblia Stuttgartensia
Para fazer uma tradução confiável dos textos bíblicos é necessário ter acesso aos originais do livro. Mas, nenhum manuscrito original foi encontrado até hoje. A base para a tradução do que atualmente lemos, são cópias encontradas em expedições arqueológicas.

A Bíblia Stuttgartensia, publicada pela Sociedade Bíblica Alemã, é utilizada pela Sociedade Bíblica do Brasil (SBB) para a tradução do Velho Testamento. Já para o Novo Testamento, é utilizada a The Greek New Testament, editada pelas Sociedades Bíblicas Unidas.

Estas são as melhores e mais confiáveis traduções disponíveis dos textos escritos em hebraico e grego.

O ANTIGO TESTAMENTO
Muito antes de Cristo, as pessoas já cultivavam o hábito de documentar histórias de suas vidas e também sobre o relacionamento com Deus. Assim, escribas, sacerdotes, profetas, reis e poetas do povo hebreu mantiveram a história de sua vida através dos tempos.

Como davam muito valor a estas histórias, várias cópias desses manuscritos originais eram feitas, passando de geração em geração. Com o passar dos anos, todos os registros foram reunidos formando coleções chamadas A Lei, Os Profetas e As Escrituras.

“A Lei” continha os primeiros cinco livros da nossa Bíblia. Já “Os Profetas”, incluíam Isaías, Jeremias, Ezequiel, os Doze Profetas Menores, Josué, Juízes, 1 e 2 Samuel e 1 e 2 Reis. E “As Escrituras” reuniam o grande livro de poesia, os Salmos, além de Provérbios, Jó, Ester, Cantares de Salomão, Rute, Lamentações, Eclesiastes, Daniel, Esdras, Neemias e 1 e 2 Crônicas.

Trecho dos Manuscritos do
Mar Morto

Um Concílio Judaico ocorreu por volta de 95 d.C, em Jamnia; mas estas três coleções não haviam sido finalizadas.

Na época, os livros eram escritos em pergaminhos, feitos com pele de cabra, onde os escribas faziam cópias cuidadosas dos textos. Geralmente, cada livro era copiado em um pergaminho separado, mas a Lei costumava ser copiada em dois pergaminhos.

O idioma usado para as cópias era o hebraico, da direita da esquerda. Alguns poucos capítulos eram escritos em aramaico, um dialeto local.

Em 1947, foi descoberto em uma caverna próxima ao Mar Morto, juntamente com outros documentos, o pergaminho de Isaías, que deve ser o mais antigo texto bíblico do Antigo Testamento escrito em Hebraico.

Ele se parece muito com o pergaminho utilizado por Jesus na Sinagoga, em Nazaré, e os estudiosos acreditam que ele foi escrito durante o século II a.C.



O NOVO TESTAMENTO
No início da Igreja Cristã, o apóstolo Paulo costumava escrever cartas para alguns povos e comunidades que acreditavam na mensagem pregada por ele. Estas pessoas preservaram estas cartas com muito cuidado e logo passaram a serem lidos e utilizados por outros povos. Assim, estas cartas começaram a serem copiadas, circulando por várias partes, alcançando os novos membros da igreja que crescia a cada dia.

Paulo redigiu também cartas de motivação ao povo e sermões, e elas alcançavam outros lugares da mesma maneira, através de reproduções. Desta maneira, através do desejo de ensinar os novos cristãos e relatar o testemunho dos discípulos em relação a vida e ao relacionamento com Cristo, resultaram na escrita dos Evangelhos.

O mais antigo fragmento do Novo Testamento que hoje conhecemos, foi um pedaço destas cópias, feita em papiro, escrita no século II d.C. Nele estão alguns trechos do Livro de João 18: 31-33, além de outras partes encontradas nos versículos 37 e 38.

Nos últimos cem anos, foi encontrada uma grande quantidade de papiros contendo textos do Novo Testamento, e o texto escrito em grego do Antigo Testamento.


TRADUÇÕES

A Bíblia é o livro mais traduzido, distribuído e lido no mundo; e, desde as sua origem, foi considerada sagrada e de grande importância, por conter ensinamentos atuais e de ajuda para a humanidade. Por isso, passou a ser traduzida para os mais variados idiomas e dialetos, sendo encontrada hoje no mundo em mais de 2.000 línguas diferentes.

Acredita-se que a primeira tradução da Bíblia tenha sido elaborada entre 200 e 300 anos antes de Cristo. Os judeus que moravam no Egito não entendiam o hebraico, então houve a necessidade de traduzir o Antigo Testamento para o grego.

Mas não eram apenas os judeus que viviam em outro país que encontravam dificuldades – Os judeus que viviam na Palestina, foram escravos por muito tempo na Babilônia e não falavam mais o hebraico, assim também precisavam desta tradução.

Esta primeira tradução foi feita por 70 sábios da época, e se chamou Septuaginta (ou Tradução dos Setenta). Ela contém sete livros que não foram incluídos na coleção hebraica, porque não haviam sido inscritas quando a lista oficial do Antigo Testamento foi feita, no final do século I d.C. Estes livros são chamados de apócrifos ou deterocanônicos, e eram utilizados pela igreja primitiva.

Esta tradução foi utilizada nas sinagogas de todas as regiões do Mediterrâneo, e era um instrumento fundamental usado pelos discípulos de Jesus para ensinar sobre Deus.

Com o decorrer dos anos, outras traduções começaram a ser feitas por cristãos, em novas línguas como copta (Egito), etíope (Etiópia), siríaca (norte da Palestina). A tradução feita em latim foi a mais importante delas, especialmente por ser muito utilizada no Ocidente.

Como havia muitas traduções e versões parciais em latim, em 382 d.C, o bispo de Roma nomeou o intérprete Jerônimo, para fazer uma tradução oficial das Escrituras. Para realizar um bom trabalho, Jerônimo viveu por 20 anos na Palestina: estudou hebraico com rabinos famosos e examinou todos os manuscritos que encontrou.

Sua tradução ficou conhecida como Vulgata, ou seja, feita em linguagem simples, para pessoas comuns. Embora não tenha sido bem aceita no começo, esta tradução tornou-se o texto oficial do cristianismo ocidental, alcançando também todas as regiões do Mediterrâneo e o Norte da Europa.

O conflito ocorrido entre os cristãos europeus com os invasores godos e hunos, destruiu grande parte da civilização romana. Os mosteiros foram utilizados como refúgio e assim o texto bíblico foi preservado por muitos séculos, especialmente a Bíblia em latim, na versão de Jerônimo.

Não se sabe como a Bíblia chegou até as Ilhas Britânicas, mas missionários levaram o evangelho para a Irlanda, Escócia e Inglaterra; e acredita-se que havia cristãos no exército romano que esteve nestes lugares no segundo e terceiro séculos depois de Cristo.

A tradução mais antiga na língua do povo desta região é a de Bede. Conta-se que quando ele morreu, em 735, ele estava ditando a tradução do Evangelho de João, mas nenhuma tradução chegou até nós.

AS PRIMEIRAS ESCRITURAS IMPRESSAS

Em meados do século XV, um ourives alemão, chamado Johanner Gutemberg desenvolveu a arte de imprimir textos, utilizando-se de uma prensa. O primeiro livro que ele imprimiu com esse novo equipamento foi a Bíblia em latim.

Desta forma, cópias impressas decoradas passaram a competir com as escritas à mão. Inicialmente esta nova técnica foi utilizada para imprimir Bíblias em seis línguas antes de 1500: alemão, italiano, Frances, tcheco, holandês e catalão. E, até meados do século XVI em espanhol, dinamarquês, inglês, sueco, húngaro, islandês, polonês e finlandês.

Mas todas estas traduções estavam vinculadas ao texto em latim. No início do século XVI, os textos escritos em grego e em hebraico começaram a chegar à Europa Ocidental, assim os sacerdotes europeus puderam apreciar estes manuscritos.

Neste período, Erasmo de Roterdã foi de extrema importância por ter ajudado os sacerdotes na compreensão dos textos nos dois idiomas. Ele foi professor na Universidade de Cambridge, na Inglaterra e, em 1516, lançou uma edição do Novo Testamento em grego, paralelamente a tradução em latim.

Foi a partir desta época, que os estudiosos da Europa Ocidental tiveram acesso ao Novo Testamento na língua original, embora os manuscritos que ele utilizou eram recentes, portanto não eram 100% confiáveis.
Fonte: http://www.sbb.org.br
Edição: Francis Matos